sexta-feira, 18 de março de 2011

O fim de uma era




As mudanças fazem parte da história da indústria automobilística e marcam o início e o fim de cada era ao longo dos anos

Texto: Aurélio Backo
Fotos: Divulgação


A partir de 1928, a Ford Motor Company passou a brindar seus clientes com modelos novos a cada dois anos. Mas isto foi por água abaixo com o ataque japonês ao porto norte-americano de Pearl Harbor, Havaí, no final de 1941.
Em setembro de 1940 foi apresentado ao público o novo Ford 1941 que, além de ter um novo desenho, era um veículo mais confortável que o seu antecessor por diversos itens. O mais facilmente percebido era o seu maior comprimento: 15 centímetros. O carro também era mais largo, o que permitia o uso de bancos maiores para acomodar motorista e passageiros. Para tanto, as portas foram movidas mais para fora e os estribos, que eram completamente expostos até 1940, agora eram parcialmente cobertos – o que à época era uma evolução, mas nos dias de hoje os carros com estribo aparente são mais valorizados.
Com uma carroceria maior e mais pesada, um novo e reforçado chassi era empregado, mas o eixo dianteiro rígido e as molas transversais foram preservados – mantendo uma tradição de anos.
Com todas estas alterações, o modelo quatro portas de 41 chegava a pesar 80 quilos a mais do que o modelo do ano anterior. Para compensar este peso maior, o motor V8 “flathead” de 3,6 litros teve sua potência aumentada, de 85 HP para 90 HP. Outra opção de motor introduzida neste ano foi a de um seis cilindros, de 3,7 litros e 90 HP, uma maneira de buscar clientes da Chevrolet, que desde 1929 oferecia motores de 6 cilindros.
Após produzir um pouco mais de 600.000 veículos do modelo de 1941, a Ford lança em setembro de 41 o modelo de 1942. Este modelo, apesar de permanecer com as mesmas carrocerias, tinha vários itens remodelados como capô, grade dianteira, para-lamas dianteiros e lanternas traseiras. Os estribos agora são totalmente eliminados e os para-lamas traseiros ganham enormes polainas de borracha para protegê-los das pedras lançadas pelas rodas dianteiras.

De automóvel a aeronave

Tudo transcorria normalmente até haver o ataque japonês aos navios e instalações militares americanas no Havaí (com um saldo de mais de 2.000 mortos), que fez os Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra Mundial. Em 10 de fevereiro de 1942, toda a indústria automobilística americana cessa a produção de veículos para venda civil, e os poucos carros produzidos são direcionados para as Forças Armadas e o governo.
Em vez de carros, as montadoras passam a produzir produtos para a guerra, e de fabricante de carros, a Ford passa a fabricante de aviões! Em uma enorme fazenda de propriedade da Ford, é construído um galpão gigante com 330.000 m² (o equivalente a mais de 30 quadras) onde, a partir de 1943, se produziu em larga escala o avião militar B-24. No ápice da produção, 660 aeronaves eram produzidas em apenas um mês e até o final do conflito, em 1945, cerca de 9.000 aviões saíram voando desta fábrica.
Finalmente, em 3 de julho de 1945, o primeiro carro pós-guerra foi produzido: um Ford Tudor. Quando o novo Ford 1946 foi lançado oficialmente, as revendas foram inundadas com pedidos de clientes que não se importaram quando viram que o novo modelo era o antigo 1942 com uma nova grade. E para dar algum tempero nestes modelos 1942 requentados, um elegante conversível foi lançado: o Sportsman, que tinha o corpo feito com madeiras nobres e interior em couro. O carro foi um sucesso, apesar de ser o mais caro da linha.
Mecanicamente o Ford 1946 agora era equipado com um motor V8 “flathead” de 3,9 litros e mais potente: 100 HP. Este motor chamado de “59A” era o que equipava as Mercury nos anos anteriores, e é o mais usado pelos hot rodders depois dos “8BA” dos Ford 1949 até 1953.

Momento de mudanças

O ano de 1947 chegou e a demanda por novos carros ainda não havia sido atendida. Num mercado francamente comprador não havia a necessidade de estimular as vendas com o lançamento de novos carros e o modelo de 46 foi produzido até o começo de 1947. Quando o novo modelo 1947 foi lançado, a diferença mais significativa era a dos pisca-piscas dianteiros que passaram de retangulares para redondos.
Em 7 de abril de 1947 falecia Henry Ford, à noite, enquanto dormia. Ele tinha 83 anos na ocasião e estava afastado da direção da empresa havia cerca de um ano e meio. A Ford Motor Company era então presidida por seu neto: Henry Ford II. Como que guardando luto pela morte de seu fundador, o Ford 1948 permaneceu igual ao modelo de 1947.
O modelo de 1948 encerra o período de influência de Henry Ford nos destinos dos carros Ford. Ele era contrário a mudanças que considerava desnecessárias, como lançamentos de novos carros a cada ano, suspensão independente, e até relutou na adoção dos freios hidráulicos para o ano de 1939. Em junho de 1948 o Ford 1949 foi apresentado ao público e era agora um carro completamente novo e que mostraria o caminho a seguir no futuro.

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